quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Não quero mais ser você ... como o espelho de outros reflete nossa realidade

Não quero mais ser você ... como o espelho de outros reflete nossa realidade

Tanto tempo que não escrevo que achei que não tinha mais vontade, porém, hoje, ao som de Billie Eilish eu fiquei curioso sobre a cantora... vendo um de seus clipes eu reconheci meus olhos... nos dela.

Nunca havia visto olhos assim, mesmo porque quando sinto que a pessoa tem uma vibe parecida comigo eu me afasto. Existem poucas pessoas com essa, digamos, característica, com esse olhar que, em um primeiro momento, demonstra um sonoro F@#-se para tudo.

Como explicar isso? sinceramente não sei se existe uma forma de explicar que não fique parecendo mais maluquice do que já é.

Basicamente a sensação de que nada é importante, de que nada vale a pena, de que as coisas não irão durar o suficiente para importarem.

Essa menina, nascida em 2001 talvez tenha passado pelas mesmas coisas que eu, coisas parecidas ou coisas totalmente diferentes porém com o mesmo significado. Lendo e assistindo uma biografia sobre ela, também percebo mais semelhanças. Não entro em detalhes sobre isso.

O que sinto é que ela também esteve do outro lado e, como qualquer um que passou por isso, se desligou daqui.

Eu passei por algumas situações, antes mesmo de entrar nesse hiato (que aparentemente está se fechando agora), que me deixaram solto, descolado, desligado das necessidades básicas sociais. Isso não faz de mim melhor nem pior, não faz de mim especial nem comum, nem mais nem menos, simplesmente faz de mim, eu.

E eu não quero mais ser eu, não quero mesmo, não é aquela mudança que todos querem para poder se sentir bem ou para poder ganhar melhor. Nem mesmo a mudança que todos querem para conseguir a felicidade... mesmo que simples.. aquela dualidade interrompida.

Não quero mais ser eu, mas não tenho ideia do que ser. Não busco felicidade, não busco tristeza, não busco raiva, nem tenho mais raiva de tudo.

Quando você olha para a escuridão você muda, você se transforma em algo além do que era e aquém do será, você fica preso num limbo que pode ou não te ajudar a se transformar novamente, como eu já disse, algumas pessoas se tornam ocas... e talvez seja essa a questão. Não quero ser oco, mas não encontro nada que preencha essa existência. o mundo do 99%, o mundo dos sonhos é pegajoso...

Billie Elish talvez seja a pessoa que eu deveria conhecer, na verdade só ficar perto, pra entender mais sobre mim. Ou talvez elas seja uma excelente atriz... quem sabe?

Claro que devem existir milhares de outros seres assim, mas o "devem" é uma incerteza que, nesse momento, não quero considerar.

Quando eu tinha 16 eu queria me desligar do mundo. Me sentia deslocado e o que mudou 24 anos depois? Nada.

Talvez ela devesse saber disso, talvez eu devesse compor novamente, talvez.. o talvez é uma incerteza que, nesse momento, não quero considerar.

Boa sorte a ela, para encontrar o que me fugiu.

Eu? vou levando a vida que sobrou até encontrar alguma coisa que faça o resto fazer sentido. Não é depressão, não é tristeza, não é decepção... é algo além.

O mundo dos sonhos talvez tenha me colocado pra dormir, iluminado demais para enxergar novamente a escuridão.






terça-feira, 13 de outubro de 2015

As mentiras que inventamos, para nós e para o mundo

Hoje li um texto muito inteligente, segue o link:
Sobre as mentiras que inventamos para nós mesmos (Sílvia Marques)

Que me fez refletir sobre como sou em relação ao mundo...
Tentei adicionar uma resposta ao texto dela, mas não pude por problemas técnicos, então aqui está...

Parabéns pela composição do texto, pela visão e por expor o pensamento.
Estranha e coincidentemente faço parte desse rol de "Silent Screamers" (na falta de uma analogia em português) que diariamente se cala enquanto grita internamente com tudo a sua volta. Concordo com tudo o que foi escrito por ti, porém afirmo que é muito difícil dar o primeiro passo.

Cá estou eu, 16 anos depois de gritar aos quatro ventos minhas concepções, medos e convicções, 16 anos depois de encarar tudo de frente e sabe o que descobri? Nada.

Não encontrei ninguém em minha órbita social que entendesse, escutasse ou mesmo que discordasse de mim, não houveram ouvintes e consequentemente meus gritos ficaram afetados por minha mudez (não quero ser filosófico, longe de mim, estou apenas falando de alma aberta).

Mentir pra mim mesmo, procurar encontrar o que os outros defendem com unhas e dentes foi o que me manteve vivo, do contrário sou apenas "uma gota de água em um oceano de lama".
Honestamente, quero encontrar as poças, mesmo que pequenas, d'água nesse mundo, mas está difícil.
Mentir pra mim mesmo me mantém vivo, a solidão me mantém são e a sanidade me mantém alienado aos princípios do mundo atual.

Dói, e enquanto dói sigo vivendo meu hiato existencial no mundo dos sonhos, rs, estranho usar esses termos.

Depois de eu escrever muito e não dizer nada, só quero agradecer pelo texto, novamente.
É bom saber que existem pessoas que pensam, de alguma maneira, similar a mim. =)

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O dia mais triste

Hoje é o dia mais triste de minha vida.

Há dois dias perdi mais um pedaço de minha alma e a cada dia doi mais e mais.

Ontem havia sido o dia mais triste de minha vida, assim como anteontem havia sido.

Sinto como se nada mais importasse. Como se continuar fosse uma tarefa idiota que me sobrou executar.

Hoje a dor vem e vai em uma sinfonia maldita que rasga o pouco que havia sobrado de minha sanidade.
Sim, isso é um pedido de ajuda.

Não sei o que fazer, já estava lidando com as implicações de perder parte de minha alma, agora como faço? Como prosseguir?

Sei que devo seguir em frente para chegar à plenitude, que devo buscar a iluminação e tentar fazer a vida de quem me cerca melhor. Mas como seguir em frente se a dor pouco a pouco destrói o que ainda há de esperança em mim. Sim, preciso de ajuda para continuar e sempre que me encontrei nessa situação ajudar os outros me fez bem, mas o mundo gira e hoje parece que eu ajudar alguém ferirá outrem. Não sei o que fazer.

O mundo parece o mesmo, mas eu sei que nada vai ser como antes. Preciso de força pra continuar. Preciso de força.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Ainda estou vivo

Vivo o medo de não saber quem sou.
Vivo à sombra de minha imagem refletida no espelho de meu mundo interior.

Fui casca
Sou o que sobrou da colisão de meus medos e ideais.
Por medo de ser menos do que prentedia acabei me tornando muito menos do que deveria ser.

Sou aquilo que não se diluiu nas águas que levaram minha alma.






Sou novamente casca.

Vivo à margem de um mundo oco, ironicamente, sendo eu vazio por dentro.

Não me rendo a minhas dúvidas, mas me ajoelho a elas. Pois duvidar é o que ainda me mantém são. Talvez não seja vantajoso estar são, pois minha mente já não me trás boas recordações, já não tenho a ilusão de que possa contribuir para a mudança do mundo, para dizer a verdade, nem tenho mais a vontade de ajudar. É o que sinto, certo, errado, bem, mal, não importa, simplesmente sinto.

Queria iniciar grandes projetos, criar grandes obras, ajudar a muitas pessoas, mas atualmente me pergunto, pra que?

Por que me importar quando quase ninguém se importa?
Por que aprender se a ignorância é o que move o mundo?
Por que ajudar se todos querem apenas o prazer próprio?

Eu estou tentando ajudar ou tentando mudar as pessoas?

Quero o melhor para todos e isso me corrói, dói demais ver as almas maculadas da forma que estão, sentir a quantidade rancor e ódio que o mundo emana, dói demais, muito mesmo.

Simplesmente não sei o que fazer.
Morrer?
Seria trocar o lado da moeda, mas não resolveria a ferrugem acumulada.
Gostaria de ter respostas, mas não creio que as conseguirei.

Se ao menos todos estivessem aqui novamente, sinto suas faltas, é difícil demais lidar com isso, perder partes de minha alma, sentir esse vazio que de tempos em tempos simplesmente se enche de tristeza ou angustia... se ao menos todos estivessem aqui...

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Mundo dos sonhos

Quando iluminamos uma sombra normalmente deixamos de vê-la, ou pelo menos de ver parte de sua formação. Contudo, isto não acontece no mundo dos sonhos. Nele, quanto mais iluminamos uma sombra, maior sua escuridão se torna. Quanto mais nos mostramos, menos revelamos.

Era uma vez e eles viveram felizes para sempre, são as palavras que todos queremos ouvir, pois resumiriam tudo o que passamos a passado e tornariam todo o futuro pacífico. Não temos esse direito, não no mundo dos sonhos, aqui lutamos para acordar e quando finalmente despertamos somos obrigados, novamente, a dormir. O que reside na alma humana? Sombra? Esperança? Luz?

São pensamentos soltos e que não requerem uma interação, a você, que está lendo isso (eu mesmo, na maioria das vezes), não desejo a luz das respostas e sim a escuridão das perguntas.  O mundo não gira por quem sabe tudo e sim, acredite, gira por quem mais quer saber. Não saber, visto como algo aterrorizante por quem mais desconhece as respostas, acaba sendo o maior sonho de quem as tem. A ignorância, uma dádiva concedida e incompreendida se torna o herói e o vilão da humanindade, quem à detém a despreza quem à perde, à idolatra.

Pensamentos soltos e nada mais, não me sinto na necessidade de fundí-los ou dar sentido ao que escrevo, escrevo e ponto, às vezes não ponto e sim virgula, não sou poeta, não sou filósofo, não sou antropólogo, sou apenas um observador no mundo dos sonhos e hoje o que mais percebo é a perverção do que seria o mundo real, é a falta de interesse em estar acordado, é a falta de paciência de que não entende que a medida da alma não é a medida da vida e que a alma não está em lugar algum.

Não se pode comprar a satisfação, apesar de toda essência do mundo dos sonhos. Não se pode comprar a satisfação. E  não me venha dizer que precisamos disso ou daquilo, não, não é verdade, não precisamos disso ou daquilo simplesmente porque isso ou aqulo não existe. Não é real, não foi feito, não está aqui. Isso ou aquilo estão presentes em todo lugar,  extamente por não existirem. São a falta e o excesso. A escuridão e a luz. O passado e o futuro.

Era uma vez um alguém que não queria existir, que se escondeu no âmago da alma de outrem, era uma vez um alguém que não se encaixava, que não cabia, não era mensuravel e nem queria saber o que seria. Alguém que não tinha interesse em ser algo além do que já era. Era uma vez alguém que tentou dormir para esquecer e não sabia o que deveria deixar de lembrar. E em sua jornada atormentada, descobriu respostas para perguntas que não havia feito. Descobriu uma vontade que não deveria existir e encarou um mundo que não existia.

Munido apenas de sonhos, o ninguém tentara se tornar invisível, após inúmeras falhas aceitou o fato de que ser visível não seria totalmente ruim, como resultado, deixou de ser um ninguém que não existia e que sonhava em ser invisível e passou a ser alguém invisível.

O mundo dos sonhos deseja que sonhemos, pois disso vive, disso cresce, disso se fortalece e assim se torna a cada dia mais o mundo dos sonhos e o sonho de mundo.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Reflexões no fundo do copo

Hoje escrevo porque novamente estou confuso.

Novamente sinto um vazio no peito e não sei preencher.

O estranho é que não estou necessáriamente infeliz, tenho, talvez pela primeira vez na vida, um vislumbre do que seria fazer o que realmente sou.

Contudo, isto não está sendo o suficiente.

Explicando em miúdos, estou criando novamente, me sinto vivo quando viajo pelo meu mundo, quando vejo o desenrolar da trama, quando percebo que algo vai acontecer ou descubro o porque de algo ter acontecido. Mas esta vida deixa de me satisfazer quando preciso enfrentar a volta para o mundo dos sonhos. Enquanto crio, sou expectador, sou leitor e não o escritor, minha mente vaga e fico alí, sentado, simplesmente navegando pelo oceano de informação que reside em um copo. Quanto podemos retirar desse copo sem que ele se esvazie? Quanto podemos beber dessa fonte sem secá-la? Acho que meu problema nunca foi esse e sim a falta de vontade de parar de beber.

Sempre que adormeço e tenho que visitar o mundo dos sonhos me torno triste, me torno sem sentido, me torno vazio e quanto mais tempo se passa nesse mundo mais vazio fico. Então conseguí o que parecia preencher esse vazio, um sonho no mundo dos sonhos, a falta de vontade começara a diminuir lentamente, havia um motivo para estar alí... motivo, talvez seja esse o problema. Achei que se pudesse direcionar minha natureza infantil para a doação de minha energia conseguiria aplacar a dor do vazio, mas isso não está acontecendo.

Tenho muitas idéias que vão de acordo com meus ideais e que não ferem o mundo dos sonhos, disponho minha existência aqui em prol disso se preciso for e me contento com os relances de existência real. Quero doar minha energia para causas realmente necessárias, sem manchá-la pela corrupção financeira, não existe, nem mesmo aqui, no mundo dos sonhos, essa necessidade.

Estou tentando solidificar essas idéias, torná-as paupáveis em um mundo intangível, afinal, o mundo dos sonhos não se importa com idéias, nem com ideais, não se importa comigo ou com você, o mundo dos sonhos se importa em continuar existindo e a cada dia ele existe mais. A cada dia mais pessoas se deixa levar por este mundo, abandonando seus valores, suas idéias, se tornando mesquinhas, ambiciosas, ignorantes e egoístas. A cada dia mais e mais pessoas se tornam cidadãos do mundo dos sonhos e com isso transformam os que aqui apenas estão de passagem, como eu, em marginais e bandidos.

O mundo dos sonhos é difícil, não sei lidar direito com isso, não sei dizer se ele é mais forte do que meus ideais, por hora, não preciso pensar nisso, apenas temo o momento de descobrir. O mundo dos sonhos é agradável, faz com que as pessoas se esqueçam do que realmente é importante e deixa tudo resumido a poucos sentimentos... o eu acaba sendo mais importante que o nós... o eles deixa de ter valor e as vozes não precisam ser ouvidas. Eu não sei nem mesmo o porque de eu estar aqui, estou confuso, não consigo mais acordar, consigo pequenos relances do mundo real e nesses momentos sou livre, consigo voar por centenas de anos em frações de segundo, em alguns minutos estou longe e não paro de ir, tentando, cada vez mais forte, acordar de uma vez por todas e deixar esse mundo dos sonhos para trás.

Mas o mundo dos sonhos é forte, é pegajoso, é astuto, me puxa pelo tornozelo e me deixa exatamente onde estava antes de tentar acordar... sempre de volta ao mesmo ponto, onde, adormecido, me deixo levar pela falsa existência e acabo olhando o copo novamente, triste, solitário, incompreendido, um copo de vinho em uma mesa de pães, nesses momentos percebo que não sou o copo, bebo o vinho e inicio outro dia no mundo dos sonhos. Minha vida deixa de me satisfazer quando preciso enfrentar a volta para o mundo dos sonhos. E a jornada não tem fim.

O mundo dos sonhos reflete o fundo do copo, é vazio e é passado, apenas uma memória que ainda não aconteceu. O mundo dos sonhos é o copo de vinho e quando dele bebemos nos tornamos tudo, menos livres.